atmosfera dos encontros

A Arte Cerâmica reúne um universo de técnicas construtivas, outro universo de procedimentos de tratamento de superfície, uma extraordinária variedade de fórmulas e efeitos de esmaltação, sem falar das variações causadas pelos diferentes tipos de queima existentes. Todos estes recursos estão registrados em revistas e livros publicados (à disposição na biblioteca do ateliê), e em sites e blogs indicados. Em nossos encontros e comunicações virtuais eu procuro apresentar este repertório técnico e incentivar a liberdade de sua experimentação. Esta é a dinâmica do curso: atendendo às motivações individuais eu procuro oferecer os procedimentos que viabilizam o seu projeto
Desta forma penso respeitar ao máximo os propósitos individuais. Só assim acredito que o processo criador mantém a vitalidade de um percurso criativo, onde, cada trabalho realizado compõe um desdobramento de uma trajetória expressiva pessoal.
Perpendicular a esta proposta, eu atravesso o andamento dos trabalhos individuais com a demonstração de procedimentos importantes na formação de ceramistas. Nestes momentos, temas como: a modelagem de certas peças no torno, a esmaltação, a construção com a plaqueira, o tratamento de superfície (“esgrafito”, textura c/ carimbos), aplicação de alças e pés, vão sendo apresentados.

Na maior parte das vezes, o que se constrói tem pouco haver com o projeto inicial. Isto se deve ao fato de que ao longo da produção, as propriedades da matéria argila dialogam com os nossos desejos, e também que uma série de acasos são incorporados ao trabalho. No entanto, isto não dispensa o registro dos projetos , o desenho das formas imaginadas e a coleção de imagens em um caderno de ateliê. Eu proponho aos meus alunos que tenham o seu e, nele, registrem todo tipo de devaneio criativo, bem como todas as etapas da produção de seus trabalhos.

Ingressar nos encontros em um ateliê de Arte Cerâmica é disparar uma rede de novas possibilidades expressivas e estruturantes. Parece complicado, mas não é. Isto quer dizer apenas que a densidade desta (com)vivência proporciona uma realização particular conquistada pela travessia dos processos criativos e suas escolhas, riscos, frustrações, desafios, aprendizados, etc. e assim promove, inexoravelmente, transformações subjetivas. Ao configurar novas formas, estruturamos a nossa própria identidade. Isto se dá natural, intrínseca e involuntariamente. Sem direcionamento externo. Conduzido apenas pelo encontro entre a mão e a matéria em um caminho de crescimento pessoal. Bem vindo!

Sirlene Giannotti