Para alguns, o fascínio exercido pelos objetos de cerâmica causa vontade de tê-los, de apreciá-los e de usá-los.

Para outros, este deslumbramento acorda a vontade de criar.

Se você ouviu este convite da argila, se está disposta(o) a aceitá-lo, entre em contato:






terça-feira, 25 de maio de 2010

ateliê para as crianças


nos dias de "aulas para as crianças" o ateliê assume outra atmosfera... fascinadas pelas ferramentas e equipamentos tanto quanto pela plasticidade da argila MOLHADA, estas crianças se surpreendem com a infinidade de configurações que a arte cerâmica possibilita. Mas, acima de tudo, elas estão aqui BRINCANDO!
são crianças acima de 8 anos e muitas já conquistaram a concentração  que o trabalho no torno solicita

outras ainda estão reconhecendo suas próprias forças nesta máquina...

algumas vezes sugiro uma proposta como:  Máscaras!

ou: Animais!

ou: BONECAS!


ou  ainda, transformar peças grandes modeladas por mim no torno...


Na maior parte das vezes, basta o encontro delas e o convite da argila para que imediatamente as narrativas lúdicas apareçam oferecendo motivações e temáticas aos seus trabalhos. Os adultos querem saber o que estão fazendo, qual o nome dos trabalhos, para que servem, etc... ora, servem para brincar e reviver a própria vida!


é assim que comemoram seus aniversários...
  

...trocam segredos e buscam soluções para os seus desafios construtivos inventando histórias!
Porque as crianças encaram um desafio com muita força de vontade e motivação...

persistem  e se adaptam


incorporam novos rumos



até atingir o que desejam  e assim nos confirmam que "a criatividade é uma força crescente que nunca se esgota, ela se reabastece nos próprios  processos  nos quais se realiza" (F. Ostrower)

FAYGA OSTROWER ME ENSINOU QUE "DAR FORMA É AO MESMO TEMPO EXPRESSIVO E ESTRUTURANTE."
PORQUE  "TODA FORMA É FORMA DE COMUNICAÇÃO AO MESMO TEMPO QUE FORMA DE REALIZAÇÃO".




Trabalho com crianças em oficinas de cerâmica há quase 8 anos. Então aprendi que
as crianças querem crescer, mas tem medo disso. E isso é muito normal.
Por isso buscam atividades criativas. Por meio delas dinamizam seu mundo imaginativo, fortalecem a cumplicidade  e o vínculo entre seus parceiros de criação e assim, se  alimentam de coragem para seguirem seus percursos.






quinta-feira, 13 de maio de 2010

Queima de Barril, crina de cavalo e Raku de outono





Queima em Barril também é uma técnica de segunda cozedura como o Raku. Aqui as peças são envolvidas em óxidos e sulfatos, casca de frutas (banana, mamão, manga, etc.) borra de café, bombril enferrujado, e depositadas em um grande barril. Acomodadas entre lenha e serragem as peças serão queimadas e assim irão adquirir novas qualidades de superfície. Mas continuam sendo peças apenas biscoitadas, portanto, bastante porosas. A chama "esverdeada"
confirma a oxido-redução do cobre

Montagem da queima de barril, sobrepondo serragem, lenha e peças em cerâmica preparadas  e embrulhadas com diversos elementos como cascas de frutas, café, folhas, óxidos e carbonatos de cobre.

Aprendiz no atelie, Patrícia acomoda as peças com bastante cuidado e critérios embasados em hipóteses que estivemos estudando e vamos testar.

Acender o fogo é tarefa bastante fácil... mantê-lo aceso já é uma competência adquirida pela experiência...
Ao longo da queima podemos ver a chama do fogo tonalizada de verde, confirmando a presença do fenômeno da "redução" atuando sobre nossas peças.   A queima pode durar até 4 horas, se o barril estiver cheio. 


 

é, faz mesmo muita fumaça, então é melhor avisar os vizinhos...


Neste dia, também tinhamos muitas peças preparadas para queima de raku nú e algumas para Rakú tradicional ( de esmalte).
Raku é uma técnica/forma de pós cozedura de peças de cerâmica. Ou seja, é uma segunda queima das peças que já foram pré cozidas a 950º C e receberam um tratamento de esmaltes ( no caso do raku tradicional) ou banhos em caulim ( no caso do Raku nú) .Tiradas do forno incandescentes (cerca de 1000 °C, no máximo) são levadas para galões de ferro cheios de serragem onde automaticamente ficam envolvidas em fogo. Caso a peça seja previamente esmaltada, o resultado normalmente é um brilho e um craquelado muito característicos e quase exclusivos do raku . Onde a peça não estiver esmaltada, depois de sair do serragem, a cerâmica ficará completamente negra. Depois de permanecer alguns minutos “recebendo a fumaça da serragem” cada peça será colocada em uma “cama de jornais molhados”, para arrefecer, e depois, direto na agua. Como ainda estarão bastante quentes,  novos craquelados irão aparecer. Esta é uma técnica milenar e vinda do oriente (Japão). Foi criada pela família Raku que em japones quer dizer rio; mas já é usada há muito por artistas ocidentais e de todo o mundo.


Pra mim, a queima de raku é um trabalho de equipe, alguns ceramistas conseguem fazer sozinhos. Eu prefiro fazer este trabalho coms meus alunos e nossas famílias.







Bom mesmo é dividir as conquistas, mas, muitas perdas acabam acontecendo... aí, então, compartilhamos o exercício de desprendimento da posse, e celebramos  o aprendizado !



 

para algumas crianças, alunas do ateliê, este foi o batismo de fogo: primeira vez que participam de uma queima de Raku... tudo ainda é muito misterioso , mas suas peças sempre ficam maravilhosas. Quando penso no que isso pode significar como alimento para a imaginação, e força para a coragem de experimentar linguagens...


 






quarta-feira, 12 de maio de 2010

"visita" dos alunos do Prof Marcos Ferreira dos Santos (Pós grad. FEUSP)





Eu e o Prof. Marcos Ferreira apresentando aos seus alunos da pós graduação da Faculdade de Educação da USP, o forno a 1280oC "o encantamento este grande útero de criação".














Aprendizes de ceramista, Marília, Sônia , Cristina  e, assistente do ateliê, Carolina , estiveram comigo dividindo o trabalho,  orientando os participantes nas suas modelagens... experimentaram o meu lugar no dia-a dia do ateliê.



Esta nova casa-ateliê nunca havia recebido tantas pessoas ( eram quase 40!) . Foi muitíssimo importante perceber na face de cada paticipante a delícia desta experiência criativa e confirmar o papel expressivo singular que a  arte cerâmica viabiliza .


quinta-feira, 6 de maio de 2010

processo criativo

 O meu processo de criação em arte cerâmica é bastante anárquico, do ponto de vista do seu projeto. Nas verdade, me percebo  perseguindo algumas formas. Podem ser fatias de barro, bolinhas achatadas, rolinhos modelados. Ou quando estou trabalhando no torno elétrico, uma determinada curva chama a minha atenção. Levo muito a sério este meu encantamento por uma forma e passo a colecioná-las. Só depois vem  a pesquisa pelas cores de argila, ou pelos esmaltes. Então, um dia sinto-me pronta para começar a juntá-las em um projeto, que  é idealizado enquanto forma, também, e não como idéia conceitual. Persigo uma imagem que se instala em minha vontade. Agora começa um jogo de decisões, escolhas, designeos...